LIBERDADE DO CORPO QUE DANÇA: RESGATE DA CIDADANIA DAS ENCARCERADAS NO CONJUNTO PENAL TEIXEIRA DE FREITAS/BA
Abstract
A dança, hoje, é percebida por seu valor na construção da cidadania e da cultura.
Ela guia o ser humano para além do caminho inevitável cotidiano da sobrevivência
e, por isso, é uma atividade relevante para melhorar a qualidade de vida de todas as
pessoas, inclusive para um grupo de mulheres encarceradas, inúmeras vezes
sujeitas a condições cada vez mais desfavoráveis oferecidas pelo sistema prisional.
Dentro dessa abordagem e com foco na perspectiva de mecanismos alternativos
que garantam o desenvolvimento da cidadania e a real diminuição de danos na
execução da pena, a presente dissertação trata da dança como forma de resgate da
cidadania das encarceradas no Conjunto Penal de Teixeira de Freitas, localizado no
extremo sul da Bahia. Para alcançar esse objetivo optou-se pela metodologia da
pesquisa-ação por meio de aulas de dança nas dependências do Conjunto Penal de
Teixeira de Freitas para vinte e uma internas, utilizando como técnica para registro
dos dados coletados o diário itinerante e entrevistas semiestruturadas com as
participantes pelo período de quatro meses. A fundamentação teórica preliminar
baseada em Arendt, Vygostky, Foucault e Goffman, norteou o desenvolvimento
inicial do trabalho, bem como delimitou o referencial teórico pautado nos capítulos
sobre a evolução das penas e dos sistemas prisionais, a importância das relações
interpessoais para os indivíduos, a dança como resgate da cidadania e sua relação
com o benefício da remição. Por meio da análise do processo de inserção das
mulheres ao sistema penitenciário, bem como sua evolução nesse ambiente, da
verificação da relevância da dança no exercício da cidadania, no desenvolvimento
pessoal e social dessa população e pelos dados coletados ao longo da pesquisa,
pôde-se constatar que a dança gerou mecanismos de ressignificação da identidade
de cada uma das participantes e possibilitou o reconhecer-se individualmente como
pessoa portadora de direitos e deveres e ser social, trouxe leveza, distração,
promoveu o empoderamento e deu liberdade ao corpo dessas mulheres
encarceradas.