ESTUDOS SOBRE RELAÇÕES ÉTNICO RACIAIS ENTRE CRIANÇAS E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Abstract
O racismo consiste no preconceito e na discriminação com base em percepções sociais baseadas
em diferenças biológicas entre os povos. Mesmo com a obrigatoriedade do ensino da cultura
afro-brasileira pela lei 10.639/03, há ainda muitas providências a serem tomadas, visto que o
cumprimento da mesma não tem acontecido de maneira satisfatória. Diante disso, é perceptível
a análise de práticas pedagógicas realizadas em instituições de ensino, bem como a orientação
dos profissionais nessas áreas. Este trabalho apresenta uma pesquisa na educação infantil no
Município de Mucurici – ES, sobre o racismo, preconceito e discriminação entre crianças de 3
a 5 anos. Tendo como objetivo analisar as práticas pedagógicas dos professores da educação
infantil do município de mucurici quanto à inclusão da história e cultura afro-brasileira e
africana nos currículos escolares. Esse estudo de caso foi realizado baseando - se em
observações e entrevistas acompanhadas por técnicas projetivas, não somente as
representações, atitudes e valores dos sujeitos em relação à questão racial, como também os
seus suportes psíquicos inconscientes. Durante as entrevistas realizadas com as crianças de
cinco anos, foi utilizado o método do desenho de um autorretrato, feito por eles, de bonecos de
pano de cores diferentes, incentivando-as a dizerem como se relacionam e quais as
representações relativas à beleza, profissão, família, dentre outros temas emergentes, no que
refere à questão das relações raciais. Algumas crianças negras que participaram dessa pesquisa
manifestaram o desejo em alterar sua aparência física como a cor da pele e o tipo de cabelo,
demonstrando a negatividade associada às diferenças culturais, físicas e estéticas disseminadas
em nossa sociedade. Esses fatos evidenciam que a dupla cor da pele e cabelo faz parte de um
tenso processo de aceitação/rejeição da identidade negra em que a aparência torna
- se parte da subjetividade e autoimagem das crianças negras. Além disso, foi verificado no
espaço escolar a ausência de cartazes, brinquedos ou livros infantis que expressem a existência
de crianças negras na sociedade brasileira. Pode-se percebe o despreparo e a falta de formação
adequada dos profissionais da escola para lidar com a diversidade étnica no cotidiano escolar,
quando o debate está ausente nas pautas das reuniões pedagógicas, nos planejamentos e nos
registros diários.