ÓLEO CONTAMINANTE PRODUZIDO POR OBRAS RODOVIÁRIAS - UM ESTUDO NO ESPÍRITO SANTO
Abstract
Os licenciamentos ambientais que estabelecem parâmetros para a medição e
controle a fim de que se tenha a promoção de uma correta destinação dos óleos
contaminantes, gerados na construção das rodovias em todo o Brasil, são
comumente pautados em dados desprovidos de valores referenciais, o que torna
frágil o cumprimento da legislação atual do setor. Toda rodovia atualmente
construída está sujeita a um licenciamento ambiental, o qual estabelece a
obrigatoriedade da promoção de uma correta destinação dos óleos contaminantes
gerados, entendendo-se que essa correção da destinação envolva processos de
reciclagem. Este subproduto, quando despejado na natureza, tem potencial de
provocar elevados danos ao meio ambiente, uma vez que um litro de óleo
contaminante pode inutilizar um milhão de litros de água potável. Estando aí
ensejada a justificativa dessa pesquisa, na perspectiva de que os licenciamentos
que regem o setor em nenhum momento estabelecem valores referencias para que
a coerência dos totais informados pelas empresas do setor construtivo, como
destinado à reciclagem, de modo que possam ser verificados. A hipótese é de que
uma empresa que execute uma rodovia de 100 km e informe como destinado
apenas 100 litros de óleo contaminante, pela frágil legislação atual, pode ser
considerada regular. Essa vulnerabilidade abre brechas para ações irregulares. E a
despeito de ao longo do tempo ter havido uma drástica redução no percentual da
arrecadação pública investido em construção de rodovias, este ainda é um setor
lucrativo, em vista de o modal rodoviário ser ainda o mais utilizado no país. Tal fato
evidencia quão profícuo é o presente estudo, que toma por base dados reais obtidos
junto ao setor de meio ambiente do DER, para construir um banco de dados com o
comprimento das rodovias e o total de óleo contaminante informado como destinado
à reciclagem. Ao se confrontar tais informações com um modelo teórico construído a
partir de manuais técnicos e composições de custo, foi possível se obter, ao final,
uma tabela referencial, a qual estabelece valores mínimos para a produção de óleo
contaminante potencialmente possíveis de serem produzidos por uma obra
rodoviária. Tal escala levou em consideração a classe das rodovias e a topografia do
terreno onde estas são implantadas, pois, somente assim, a tabela, produto final
deste trabalho, pode ser considerada representativa e eficaz, na perspectiva de que
possa se tornar uma ferramenta referencial e, apesar de sua simplicidade, venha a
se tornar uma eficaz ferramenta para auxiliar no processo de fiscalização. A crença
nesse produto está no fato de que valores inferiores aos presentes nesta tabela
devem ser investigados, coibindo, portanto, negligências no registro das destinações
ou até mesmo descartes irregulares de óleos contaminantes.