O lúdico na educação infantil: desafios de uma pedagogia libertadora nas aulas de Educação Física
Abstract
A inclusão da disciplina de Educação Física no município de São Mateus – ES, na
modalidade Educação Infantil é relativamente recente, data do ano de 2016; diante
disto, os desafios dos profissionais ali inseridos são grandes e constantes. Tendo em
vista que a educação brasileira, de modo geral, foi intensamente baseada nos ideais
do patrono da educação, Paulo Freire, que defendia a chamada “Educação
Libertadora”, que de maneira simplificada, defende que o aluno tenha total liberdade
nos mecanismos ensino-aprendizagem. Desenvolvendo através desta sua própria
vivência, sua visão crítica-social e levando-se em conta as atuais e acirradas
discussões acerca dos papéis sociais entre o masculino e o feminino. Tornar-se
minimamente curioso imaginar como se procede a compreensão dos professores de
Educação Física diante dos desafios ao oferecer o brincar de maneira lúdica e
libertadora às crianças, proporcionando atividades pautadas em descobertas e
sensações próprias sem ditar a estas, regras de comportamento restrito a um papel
social demarcado de masculinidade e/ou feminilidade. Diante disto, desenvolveu-se
o presente estudo, realizado através de entrevistas com os profissionais de
educação física do município de São Mateus/ES. Visando responder o
questionamento acima, buscou-se investigar as brincadeiras e brinquedos oferecidos
às crianças, dos Centros de Educação Infantil Municipal (CEIMs) do perímetro
urbano do município de São Mateus. Além de discutir com o profissional de
Educação Física quais as contribuições do lúdico na perspectiva do Município e se o
brincar é desenvolvido na forma libertadora como forma de contribuição da formação
de indivíduos críticos nos CEIMs. Com base nestas informações, encaminhou-se à
secretaria de educação do município de São Mateus um relatório com as
informações necessárias, baseada nas entrevistas realizadas com os profissionais
de Educação Física do município, com a finalidade de aprimorar as Formações
Continuadas em Serviço, compreendendo o brincar de forma lúdica e libertária.
Foram, ao todo, 19 profissionais consultados, e as entrevistas aconteceram de modo
individual, entre os meses de novembro e dezembro de 2019, onde o diálogo entre a
pesquisadora e os professores foi pautado por um questionário aberto (apêndice A)
que permitiu uma conversa descontraída e reveladora que evidenciou a necessidade
de se investir em informação e discussões nesta área, uma vez que, ainda se tem
muito preconceito e insegurança que engloba toda a comunidade escolar.
Principalmente, ao tratar de educação infantil, onde a família se faz mais presente na
escola, porém, suas abordagens também ficam mais claras nas falas e preferências
das crianças. Para tanto, realizou-se uma pesquisa descritiva com entrevistas
gravadas através de diálogos informais e espontâneos, com auxílio de questionário
aberto, utilizado apenas como ponto de apoio para condução da pesquisa/entrevista.
Durante o diálogo entre os sujeitos da pesquisa e o pesquisador (APÊNDICE A),
desta forma, coletou-se depoimentos e relatos de experiências que nortearam as
ideias centrais da pesquisa, com os profissionais que atuam com o público-alvo
descrito. Pretende-se com o presente estudo, deixar evidente a dificuldade que
ainda se tem nos educandários, de fornecer uma educação libertadora, nos moldes
que Paulo Freire descreve em seus variados estudos e livros. Ou seja, formativa
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para a vida com criticidade e baseada na vivência do aluno, devido a falta de
informação ou embasamento teórico de qualidade para que os profissionais também
sintam-se livres para propor brincadeiras, jogos e liberar o acesso a brinquedos sem
sentir-se pressionados em favorecer ou proteger este ou aquele gênero. Ou ainda,
ser agente mantenedor de práticas que revelam e mantem uma sociedade machista,
misógina e preconceituosa. Faz-se então um convite a desconstrução desse modelo,
para que se rompa por completo na sociedade e que tenhamos futuramente, uma
geração mais abrangente e critica.