O PAPEL SOCIAL DA LITERATURA: DIÁLOGO PARA A DESCONSTRUÇÃO DA FRONTEIRA DO RACISMO NA ESCOLA

Abstract

A presente dissertação debate a relevância da literatura negra na escola, nas aulas de Língua Inglesa, de forma interdisciplinar, com os componentes curriculares de História e de Ensino Religioso. A finalidade é possibilitar a ampliação do conhecimento dos alunos sobre questões históricas e, sobretudo, a respeito do surgimento do preconceito, existente de forma latente na formação do povo brasileiro. O estudo desvela motivos e consequências do racismo na atual sociedade, usando como estratégia a arte literária de cunho social, evidenciando-se a potencialidade da escrita como instrumento para apresentar a visão depreciativa do negro. Foi realizada uma pesquisa-ação nas aulas de Língua Inglesa em uma escola municipal de Colatina, no Espírito Santo, de modo a poder contribuir para o enriquecimento da reflexão no tocante ao multiculturalismo e acerca da cultura dos afrodescendentes. Os autores que embasam o marco teórico dialogam entre si buscando reconhecer o mosaico cultural nos ambientes escolares ao dar ênfase ao hibridismo identitário junto às práticas discursivas abertas à diversidade e de dogmatismos, que geram o preconceito em diversos espaços sociais. Os dados mostram que muitos alunos se surpreenderam ao perceber que as ocorrências de preconceito racial vividas são muitos frequentes nas relações sociais do que imaginavam, sendo muitas delas praticadas por familiares e pessoas próximas ao convívio rotineiro. Há também o docente, que lida com essa diversidade e que, muitas vezes, não sabe como reagir diante de circunstâncias reais de preconceito. Em face a isso a literatura surge, com sua perspectiva social, descortinando a realidade, provocando, incomodando, imitando a vida real, em busca de sensibilizar solidariamente o ser humano desde criança para, quando adulto, estar cientes desse entre lugar. Muitos relataram que essas atitudes destroem vidas, e apontaram a expressão “se colocar no lugar do outro”, o que remete à ideia propagada por Hugo Assmann e à concepção de Bhabha de transpor as fronteiras do racismo. Assim, o presente estudo permite uma incursão, além da discussão teórica, com informações precisas do campo, oriundas de experiências e relatos, capazes de somar em ações afirmativas, que oportunizem os debates em prol de conscientização. A pesquisa deixa como legado, sequências didáticas, para a consubstanciação de um projeto interdisciplinar contemplando debates sobre preconceito, gênero, etnia, multiculturalismo e diversidade na escola.