CRISE HÍDRICA E SEUS IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS NO MUNICÍPIO DE MARILÂNDIA-ES
Abstract
Os estudos sobre a questão da água no Brasil vêm ganhando inúmeras proporções
ao longo dos anos, devido à intensificação dos problemas ambientais e à crise
hídrica, resultado da incorreta ação antrópica na natureza. A mídia, as pesquisas
acadêmicas e as organizações de proteção ao meio ambiente vêm abordando esse
tema em seus debates, evidenciando que a água potável está cada vez mais
escassa. Milton Santos, nome de destaque nos estudos da Geografia, nomeia a
água de ‘ouro azul’, dada sua importância para os seres vivos e seu risco de
escassez, traçando também uma crítica ao fato de a água ser comercializada, visto
que, sendo considerada um bem comum, deveria ser do acesso de todos,
independente de classe e condição social. A escassez hídrica por falta de chuvas é
algo recorrente. Porém, no período de 2014 a 2017 verificou-se enormes prejuízos
no setor agrícola, advindo da falta de chuvas no estado do Espírito Santo. Este
período foi caracterizado como sendo um dos mais graves da região. Assim sendo,
o presente trabalho tem como objetivo contribuir para o debate e fomentar a
implementação de projetos, pesquisas e políticas públicas que visem amenizar os
efeitos e consequências da crise hídrica no estado do Espírito Santo. Para condução
deste trabalho foi considerado um corte de tempo referente aos anos de 2013 a
2017, para averiguar os impactos sócio econômicos deste evento no município de
Marilândia-ES. Para tal, foi elaborado um questionário abordando diversos aspectos
quanto ao perfil do entrevistado, conjuntura e adversidades enfrentadas por
comerciantes e produtores rurais. Foram utilizados, também, dados coletados a
partir de banco de dados de órgãos oficiais do Poder Público entre outras fontes de
informações. A partir dos dados, constata-se que a produção em 2016 atingiu
apenas 62% do obtido em 2013. Este fato interferiu negativamente no faturamento
final dos cafeicultores, ocasionando uma reação em cadeia pela redução da
circulação de dinheiro, afetando as vendas no comércio. Verificou-se, também, que
67% dos comerciantes de Marilândia possuem o comércio como única fonte de
renda, estando, portanto, vulneráveis às quedas e oscilações econômicas. Apenas
24% dos comerciantes possuem algum tipo de financiamento, e deste número, 75%
precisaram fazer renegociação de dívidas por conta da queda do número de vendas.
Nesse cenário, a crise hídrica também afetou diretamente o comércio, a geração de
empregos e a circulação de dinheiro em Marilândia, prejudicando drasticamente o
desenvolvimento socioeconômico da cidade.